Beyoncé, Lilia Schwarcz e a limitação da branquitude

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Texto de Katiuscia Ribeiro

Sempre sinalizo em minhas aulas a importância de conhecer a história real dos povos africanos. Isso é necessário para rebatermos análises rasas e racistas como as do artigo da Folha.

Do artigo

Confesso que não há surpresa nos escritos dessa senhora. O epistemicídio tangenciou as relações humanas, subalternizando imaginária, simbólica é historicamente a potência dos povos africanos. A branquitude em meio ao vício de neutralizar a grandiosidade de nossa história se limita a crítica dentro da sua análise egóica e rasa.

Albert Memmi, em sua obra: “O Retrato do colonizado: precedido do retrato do colonizador”, traz uma afirmação que descreve bem o cenário: “(…) se a colonização destrói o colonizado, ela apodrece o colonizador”. Aqui está a centralidade do problema, a colonização afeta todos os agentes. Essa senhora jaz sob o jugo de sua própria branquitude. Ao analisar a obra da Beyoncé sob o escopo e as lentes vertiginosas do colonizador ela mostra uma leitura defasada e pútrida que não cabe em nossa arte. Sua crítica condescendente não esconde seu jeito desejo colonizador de sempre nos ensinar. No fundo eles acreditam que são os únicos que sabem o que é civilidade, cultura e arte.

Do pensamento

Entretanto, as críticas rasas não surtem mais efeito, pois a branquitude perdeu o “timing” e não acompanha mais os passos da negritude. Passamos à frente e agora escrevemos nossas próprias narrativas, desmistificamos e ressignificamos nossas histórias, até mesmo as contadas em Hollywood ou na Disney. Nossa arte não se submete a esses padrões ocidentalizados, críticas a partir desse crivo é vaidade da branquitude. O Povo Preto hoje é senhor da sua própria tela, responsável pelo seu próprio pincel, mestre da sua própria arte, dono do seu destino.

Das Ações

Faraó vestido com roupas de onça em ritual liturgico. Demonstrando a limitação da branquitude
Faraó com sua indumentária típica.

Dona de sua arte e narrativa, Beyoncé nos convida para uma parada negra, e nela apresenta nossas reais potencialidades. Em nós pulsa o quinhão do sagrado, assim nos entendemos enquanto a totalidade do Cosmo. Desde o Reino de Kush (nome original da Etiopa) até Kemet que deriva desta sociedade, a pele de leopardo era usada pelas sacerdotisas e sacerdotes, pois nos remetiam e representavam as estrelas. Isso significa que somos um pequeno universo, um micro-cosmos integrando um TODO. O cosmo nos encarna e nós somos seu reflexo: somos físico e psíquico, somos história e cultura, somos espírito e ancestralidade, enfim somos o TODO. “Black is King” não é um álbum visual, é algo mais, é algo que a razão cartesiana não compreende. Eleva a estética afrofuturismo ao pop ela é um manifesto!!

“Black is King” é a voz da África em um dialeto que só os seus entendem. Seu grito estremecedor diz: “o futuro é ancestral”.
Conheça mais sobre a nossa história contada por nós AQUI!

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10 respostas

  1. Texto maravilhoso desse ler!
    Parabéns a todos. É, por favor, não parem!!

    Gratitude🙏🏽

  2. Sobre Onças e Leopardos; Oxóssis e Mutalambôs ! Quem tem Orixás e Nkicis, Voduns entenderão !!!

  3. Pesado esse titulo. Quase roçando o ódio racial… me parece mais desrespeito pela diversidade do que apelo à mesma.

    1. Nuria, você acredita ser honesto perguntar a um pai que teve a sua filha violentada e mulher assassinada se o mesmo sente ódio de seu agressor? Você acha que o mesmo deveria ser cordial e convidar o agressor a refletir sobre seus atos?
      Acredito que não. Por isso sua colocação beira a desonestidade intelectual

  4. Estas leituras defasadas demonstram claramente a ideia do colonizador. Excelente reflexão!

  5. Esse trabalho da Beyoncé me fez pensar nos relatos da Chimamanda Adichie, sobre sua saída da Nigéria, para estudar nos EUA, e as ideias estereotipadas e limitadas que as pessoas tinham da Nigéria, e demais países da África. Ideias que mesmo eu, um homem negro tinha, então, busquei a perspectiva cultural, identitária e vivencial das pessoas do continente, e descobri países com muito mais nuances do que a visão limitada e até mesmo estereotipada do ocidente. Visão limitada que se apresenta nesse último trabalho da Beyoncé, mas me parece que tudo o quê um ícone do ativismo faz, deve ser idolatrado sem questionamentos. Quanto a Lilia, sobrou soberba em um discurso que menospreza a importância da Beyoncé, mas a crítica ao trabalho não está errada.

  6. Me orgulho muito dessa geração! Geração tardia mas que veio pra ficar. Mostrando a grandiosidade de nossas antigas civilizações que foram destruidadas e renegadas pelos ignorantes e arrivistas do empreendimento da cacangelizacao do Cristianismo estelionatario.

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