A demanda por justiça racial em erupção em uma nação devastada por uma pandemia que afetou desproporcionalmente as comunidades negras é um chamado à ação: O momento para filantropos e governos investirem em líderanças negras e organizações racializadas com histórico de emanciapação negra é agora.
Black Lives Matter e/ou Black Money não devem ser apenas gritos de guerra para o impacto que queremos alcançar; são vias de como alcançá-lo. A raça é um dos indicadores mais confiáveis de expectativa de vida, desempenho acadêmico, renda, riqueza, saúde física e mental, mortalidade materna e muitos outros indicadores de qualidade de vida. Este fator determinante significa que os doadores que se preocupam em apoiar a mudança social devem parar de tapar o sol com a peneira e tomar medidas deliberadas para confrontar o óbvio – O problema racial precede o social. Isso é denominado como “filantropia equitativa” e atribuida como uma filantropia mais eficaz e de alto impacto.
Da análise dos dados
Considere a luta contra o tabagismo entre adolescentes nos Estados Unidos, que passou por declínios impressionantes no geral, com a filantropia desempenhando um papel fundamental. No entanto, quando desagregados por raça, os dados contam uma história diferente. A maioria dos programas e políticas de prevenção tem como alvo os adolescentes, perdendo assim a janela dos adultos quando os afro-americanos geralmente começam a fumar. Embora os adolescentes afro-americanos fumem a taxas muito mais baixas do que os adolescentes brancos, quando eles se tornam adultos as taxas são quase as mesmas – com resultados trágicos porque os afro-americanos morrem em taxas muito mais altas de doenças relacionadas ao fumo.
Fato semelhante ocorre no Brasil com as taxas de feminicídio. O feminicídio está crescendo entre as mulheres negras e indígenas, embora esteja diminuindo entre as mulheres brancas. Entre os dois primeiros grupos, o índice do crime chega a ser o dobro do que entre as mulheres brancas. Os dados demonstram que as mulheres negras e indígenas não estão sendo atingidas pelas políticas universais precisando da criação de programas e políticas públicas específicas.
Torna-se fundamental apoiar os líderes e instituições negras verdadeiramente comprometidos com a comunidade, porque esses líderes costumam trazer estratégias informadas por uma compreensão íntima das experiências racializadas e os problemas que essas comunidades enfrentam. Infelizmente, esse financiamento não ocorre no Brasil.
Cases Americanos
Considere o grupo de candidatos da Echoing Green, um grupo considerado uma das mais promissoras instituições sem fins lucrativos. Olhando apenas para seus candidatos mais qualificados (ou seja, aqueles que progrediram para seu estágio semifinalista e além), as receitas das organizações lideradas por negros são 24 por cento menores do que as receitas de suas contrapartes lideradas por brancos e os ativos líquidos irrestritos das Organizações dirigidas por Negros são 76 por cento menores do que suas contrapartes dirigidas por brancos. A grande disparidade em ativos irrestritos é particularmente surpreendente, já que esse tipo de financiamento costuma ser um indicador de confiança.
As disparidades persistem mesmo quando se levam em consideração fatores como área problemática ou níveis de educação. Por exemplo, entre as organizações da bolsa Echoing Green’s Black Male Achievement, que se concentra em melhorar os resultados de vida de homens e meninos negros nos Estados Unidos, as receitas das organizações lideradas por negros são 45% menores do que as das organizações lideradas por brancos , e os ativos líquidos irrestritos das organizações lideradas por negros são 91 por cento menores do que as organizações lideradas por brancos – apesar de focar no mesmo trabalho.
O que os doadores podem fazer
Essas desigualdades não são novas nem limitadas ao grupo de candidatos da Echoing Green. Organizações lideradas por negros nos EUA, incluindo a ABFE , uma parceria filantrópica para comunidades negras, e o Movimento Black Money no Brasil , vêm alertando sobre esse assunto há um bom tempo. Embora a crise econômica provocada pela pandemia global esteja causando estragos nas finanças de todas as organizações, as organizações e negócios liderados por pessoas negras já viviam perto do limite financeiro . Ouvimos de nossa rede que esses negócios estão ainda mais vulneráveis no momento, principalmente os liderados por mulheres.
Para entender melhor o que impulsiona a lacuna de financiamento racial, Echoing Green e Bridgespan conduziram entrevistas com mais de 50 líderes e executivos negros de instituições sem fins lucrativos. A pesquisa descobriu que os líderes negros enfrentam várias barreiras em todo o arco de esforços de arrecadação de fundos
Das Barreiras
- Conectando-se a financiadores em potencial : Líderes negros têm acesso desigual às redes sociais que permitem conexões com fundações e pessoas influentes na filantropia.
- Construir relacionamento com financiadores em potencial : o preconceito interpessoal pode se manifestar como desconfiança e microagressões, que inibem a construção de relacionamentos e colocam cargas emocionais sobre os líderes negros.
- Garantindo apoio para a organização : Os financiadores geralmente não entendem as abordagens culturalmente relevantes, o que os leva a confiar demais em estratégias com as quais estão familiarizados e em formas de avaliação que podem não ser acessíveis a organizações que enfrentam desafios crônicos para obter financiamento adequado e outro suporte .
- Manter relacionamentos com apoiadores atuais . Os processos de renovação de doações podem ser árduos se a desconfiança permanecer, e o financiamento pode parar se o doador tiver uma visão centrada em seu viés branco do que é uma prioridade estratégica e como medir o progresso.
A existência dessas barreiras é um sinal de como o Racismo – pessoal e institucional, consciente e inconsciente – se infiltra em todas as partes do processo filantrópico e de concessão de verbas. Simplesmente, a lacuna de financiamento racial e de políticas públicas direcionadas impede o impacto. Mas essas disparidades também são importantes porque, sem tomar medidas anti-racistas ativas para garantir a equidade no financiamento, os filantropos inadvertidamente contribuem para as desigualdades na sociedade.ncontrando este momento
Esperança e o discurso vazio de “somos todos iguais” não são estratégias
A mudança é possível. A pandemia global desafiou a sociedade de maneiras que antes pareciam inimagináveis. Mas, com essa interrupção, os financiadores aproveitaram a oportunidade para fazer as coisas de maneira diferente da forma como o financiamento era tradicionalmente feito antes. Organizações como Tide Setubal e empresas como a B3 mostram o que os doadores são capazes de fazer quando enfrentam uma crise imediata. A crise da injustiça racial é crônica, mas seus danos não são menos imediatos; construir uma sociedade justa e equitativa não é menos urgente.
Aaron Walker, CEO da Camelback Ventures, uma bolsa de empreendimento social para empreendedores sub-representados nos EUA, escreveu uma carta aberta para financiadores sobre racismo na filantropia. Refletindo sobre as barreiras enfrentadas pelos empreendedores em busca de financiamento e investimento. Ele destacou o apego do poder ao dinheiro:
Quem o obtém, como o obtêm e se o financiamento suficiente para que esses líderes negros possam focar no trabalho? O que verificamos é o enfrentamento de ainda mais barreiras para receber o próximo cheque. Walker escreve: “O que os empreendedores têm dito essencialmente é ‘deixe-me respirar!’ O oxigênio neste mundo é dinheiro. A filantropia afeta muitos dos pescoços de nossa organização – e a questão é: você esperará ‘nove minutos’ até que estejamos mortos ou nos levantemos. ” É hora de os financiadores agirem.
Aja Agora
Conheça e contribua com Impactando Vidas Negras, um projeto de transferência de renda e fomento para dezenas de famílias em estado de vulnerabilidade.
Fontes : https://www.geofunders.org/about-us/perspectives/149
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