É lamentável falar isso, mas em pleno século XXI, ano 2017, ainda existe um grande problema na diversidade das empresas com relação às posições de comando ocupadas por brancos e negros. Além da falta de diversidade em posições de liderança temos um menor coeficiente de negros em empregos formais do que brancos, e ainda existem empresários que negam que isso ocorra no Brasil.
Conforme pesquisa da Oxfam, a renda média mensal dos negros no país é de R$898,00 enquanto que a dos brancos é 76% maior, o equivalente a R$1589,00. Nesse ritmo Negros e Brancos só terão paridade de renda em 2089. Esse dado ainda é muito otimista visto que outras pesquisam apontam que ainda são necessários 150 anos para a extinção da disparidade econômica entre brancos e negros no Brasil.
A presença de afrodescendentes nas grandes empresas
A inserção dos afrodescendentes nas grandes empresas apresentou um pequeno crescimento nos últimos anos, porém se considerarmos que os negros correspondem à metade da população brasileira é perceptível que as oportunidades no mercado de trabalho estão longe de serem iguais. Segundo IBGE, a cada 3 desempregados no Brasil, 2 são afrodescendentes. Empresas como a Bayer Brasil fomentam, em seus processos de treinamento e de aquisição de talentos, a diminuição da desigualdade racial ao colocar metas com percentuais de contratação de negras e negros. Aos poucos o empresariado brasileiro tem visto o movimento global de inclusão étnica racial como grande oportunidade de alavancar também seus resultados além de corroborar para a justiça social. Mas esse movimento ainda é lento pelo tamanho da necessidade da população negra no país. Para driblar os limites impostos pelas corporações e dar vazão ao seu potencial criativo muitos decidem empreender.
* Acima: Ricardo Gonçalves, Gerente de TI na Bayer palestrando no lançamento do grupo; Abaixo: parte dos integrantes do BayAfro
Empreendedorismo para negros e empregabilidade
Segundo o SEBRAE, a maior parte dos empreendedores no Brasil são afrodescendentes, um total de 50%. Um dos fatores que contribuiu para que esses números aumentassem, foi a regulamentação do Microempreendedor Individual (MEI), facilitando a vida de quem quer empreender, com valor fixo de tributação e agilidade na aquisição.
No entanto, apesar da regularização do MEI e do aumento do número de negros como donos do seu próprio negócio, ainda existem grandes diferenças entre o empreendedorismo negro e o branco. Os empresários negros, geralmente, são profissionais autônomos, que precisam se virar sozinhos, sem incentivo algum. O afroempreendedor tem o crédito negado 3 vezes mais em relacao ao empreendedor não negro nas instituições bancárias o que dificulta ainda mais investimento em inovação, escalabilidade e atendimento. Já para a maioria dos empreendedores brancos, por possuírem uma condição econômica e social melhor (derivados de seus privilégios oriundos desde o período escravocrata), iniciam seu empreendimento já em uma posição mais favorável e têm perspectivas de crescimento a curto e médio prazo, podendo contratar funcionários e expandir o seu negócio através de políticas governamentais ou empréstimos bancários.
Instituições de incentivo ao afroempreendedorismo
Diante desse contexto muitas instituições do movimento negro e ativistas pressionam o Estado a criar políticas públicas e estruturas de financiamento para incentivar o desenvolvimento do afroempreendedorismo no Brasil. Porém, sabemos que se dependermos da máquina Estatal a mudança será lenta, parcial ou até mesmo inexistente pois ações afirmativas para reparação histórica requerem leis (regulação e fiscalização) que perpassem por uma máquina política que, digamos, tem “desapontado” seus eleitores. Sim, políticas e ações afirmativas devem ser reivindicadas mas não podemos apenas depender desse mecanismo para o alcance de equidade social e econômica para a população negra.
Devemos contar com nosso esforço e luta por nossa emancipação, temos as respostas em nossas próprias iniciativas, lembrem-se que fomos nós que construímos as pirâmides , desviamos o curso do Rio Nilo para o cultivo, descendentes dos pais da filosofia onde Platão foi se desenvolver e apagar essa parte da história. Precisamos de união e fraternidade real dentro de nossa comunidade, temos a chave de nossa liberdade, procuremos nossos irmãos que estão um passo a frente, os apoiemos e apoiemo-nos neles.
* Equipe MBM e parceiros em evento de empreendedorismo em São Paulo
Um banco para empreendedores afrodescendentes
Uma instituição que oferece apoio aos empreendedores afrodescendentes e está em busca de mudar a realidade é o D’Black Bank. É um banco digital voltado para facilitar a vida econômica da população negra no Brasil, oferecendo desburocratização e melhores condições de crédito. E assim contribuindo positivamnte para empregabilidade na comunidade negra
Seja um afroempreendedor – um agente positivo de empregabilidade
Se você também quer se dar bem no afroempreendedorismo no Brasil, aqui vão algumas dicas: tenha autoconfiança; seja otimista; tenha coragem de assumir riscos; queira ser reconhecido; seja resiliente e perseverante; não dê ouvidos às pessoas negativas, una-se a seus iguais, procure iniciativas que te apoiem realmente e te ofereçam diferenciais competitivos para disputa igualitária neste mercado.
De modo geral, a presença dos negros no empreendedorismo tem sido muito positiva para que o país comece a valorizar mais os afrodescendentes. Mais importante do que isso é que a população negra continue a encarar os desafios e barreiras em busca de objetivos, com força e impacto no mundo empresarial e no mercado de trabalho.
teste
2 respostas
Sempre me perguntei porque os negros aqui no Brasil não se uniam para tornar uma sociedade mais forte, como as outras raças como a amarela, a judia e mesmo a branca?
Então ouvi a resposta de que vínhamos de várias nações do continente africano e cada uma tinha uma cultura. Mas isso acontece no Brasil, porque nos Estados Unidos, onde a comunidade negra é bem menor em número populacional, os negros que alcançam uma estabilidade social, doam parte do que ganham para algum fim solidário. Que bom que há este movimento. Estou muito orgulhosa!