Um guia completo para você entender o mercado financeiro de maneira simples e descomplicada!
Até muito pouco tempo atrás, o mercado financeiro era muito distante da população preta no Brasil, principalmente, em função da precariedade da educação financeira que temos em nossa cultura. Mas isso vem mudando ao longo dos anos e as pessoas estão entendendo que esse universo também pertence a nós.
O Movimento Black Money acredita no fortalecimento da comunidade negra por meio do de uma economia preta autossustentável. Por isso, elaboramos este guia que tem como objetivo facilitar a compreensão sobre o mercado financeiro e encorajar mais pretas e pretos a fazer seus investimentos de maneira segura e rentável. Confira!
- O que é o Sistema Financeiro Nacional?
- Quem são os agentes do mercado financeiro?
- Quais são os tipos de investimentos disponíveis?
- 6 dicas para começar a investir no Mercado Financeiro
O que é o Sistema Financeiro Nacional?
O Sistema Financeiro Nacional é um conjunto de entidades, públicas e privadas, que têm como principal objetivo fazer com que o dinheiro circule em diferentes modalidades de negociações. Tais entidades estão divididas em dois tipos:
- entidades reguladoras, cuja função é criar regras e fiscalizar as relações dos demais agentes do mercado financeiro;
- entidades operadoras, que atuam na realização das transações.
Fazendo um paralelo bastante simplório com uma escola, o Sistema Financeiro Nacional seria a comunidade escolar, que é formada pelos professores, pais, alunos, direção escolar e profissionais das secretarias de educação do estado ou município.
Quem são os agentes do mercado financeiro?
Assim como na escola existem diferentes tipos de pessoas, no Mercado Financeiro temos diferentes tipos de agentes, conforme explicamos a seguir.
Emissores
Os emissores são as instituições que emitem os ativos no Mercado. Eles representam a parte que precisa de dinheiro e, em troca, oferecem produtos financeiros que geram vantagens para quem os adquire.
De forma mais simples, imagine que precise comprar um eletrodoméstico para a sua casa, mas está sem grana. Então, você se lembra de uma cômoda que está encostada em um canto e resolve vendê-la para conseguir o dinheiro. É isso que os emissores fazem, eles captam recursos no mercado por meio de algo que eles tenham a oferecer. A principal diferença é que não existe um bem palpável envolvido.
O Mercado Financeiro conta com 3 tipos de emissores, que explicamos abaixo.
Empresas privadas
As empresas privadas fazem a captação de recursos no Mercado Financeiro de duas formas:
- debêntures: quando ela emite um título de dívida, como se fosse uma nota promissória, na qual ela se compromete a pagar pelo valor obtido acrescido de juros em um determinado prazo;
- ações: quando ela vende uma parte dela mesma, de forma que o comprador se torna sócio do negócio e participa dos resultados sejam eles positivos ou negativos.
Governo
O Governo faz a emissão de títulos públicos, por meio do Tesouro Nacional, para a captação de recursos a serem aplicados em infraestrutura, saúde, educação, segurança pública e até mesmo para manter a máquina pública funcionando. Os títulos do Tesouro Direto são todos de renda fixa (que vamos explicar melhor mais à frente) e são considerados os mais seguros do mercado.
Bancos
Os bancos emitem diferentes tipos de títulos de renda fixa, tais como o CDB, LCI e LCA, além da poupança. Eles também oferecem renda variável por meio de ações negociadas na Bolsa de Valores. Por se tratarem de instituições que têm o capital como principal produto, é importante ter cautela ao investir em bancos tradicionais para não ter rendimentos muito baixos.
Investidores
Os investidores são os agentes que têm o dinheiro e querem investir em alguma coisa que traga rentabilidade. Aqui se encaixam tanto as pessoas físicas quanto os fundos de investimentos, como detalhamos a seguir.
Pessoas físicas
As pessoas físicas somos nós, que aplicamos nosso dinheiro, mesmo que pouco, em algum título. Ao contrário do que muitos ainda pensam, não é preciso juntar rios de dinheiro para começar a investir, o Tesouro Direto, por exemplo, tem aplicações a partir de menos de R$ 40. Tudo é uma questão de educação e organização financeira.
Fundos de investimentos
Os fundos de investimentos são fundos que reúnem o capital de vários investidores para a negociação conjunta no Mercado Financeiro. Eles podem ser administrados por uma empresa ou por um gestor financeiro, que fica responsável por escolher os melhores investimentos e realizar as transações necessárias.
Seu funcionamento é semelhante ao de uma cooperativa, onde uma pessoa representa os interesses de todo o grupo e os ganhos obtidos são divididos entre os cooperados, conforme cada um tenha contribuído.
Intermediários
Os agentes intermediários são aqueles que fazem a ponte entre os emissores e os investidores.Voltando ao exemplo do início, de um lado nós temos os professores, ricos em conhecimento e, do outro, os alunos, ávidos por aprender. A escola seria o agente intermediário desse cenário, permitindo o encontro entre eles e proporcionando um ambiente favorável para essa troca.
No Mercado Financeiro, os agentes intermediários são as instituições financeiras e a Bolsa de Valores, acompanhe.
Instituições financeiras
As instituições financeiras são entidades bancárias e não bancárias que fazem intermediação no Mercado Financeiro. Os principais exemplos são:
- bancos comerciais: Itaú, Bradesco, Santander, Caixa, Banco do Brasil etc.;
- bancos de investimento: BTG Pactual, Bradesco BBI, Itaú BBA etc.;
- bancos de desenvolvimento: BNDES, BDMG, Banco da Amazônia etc.;
- financeiras: BV financeira, Crefisa etc.;
- corretora de valores: Easy Invest, Rico, XP Investimentos, Toro etc.;
Bolsa de Valores
A Bolsa de Valores é o local onde as ações das empresas são efetivamente negociadas. Por meio dela, tanto pessoas físicas quando instituições podem vender e comprar títulos conforme julgarem necessário. Juntamente com com as corretoras de valores e as instituições financeiras autorizadas, ela integra o Mercado de Capitais.
Instituições reguladoras
Por fim, as entidades reguladoras são as instituições responsáveis por elaborar e acompanhar o cumprimento das regras de negociações dos títulos no Mercado Financeiro. A principal função delas é garantir a atratividade do mercado para todos os envolvidos, fazendo com que ele se mantenha ativo e produtivo.
As 3 instituições reguladoras mais importantes do país são estas abaixo.
BACEN – Banco Central
O Banco Central do Brasil é uma autarquia federal responsável por gerir a política econômica do país. Funciona como o “banco dos bancos” e tem a função de cumprir as determinações do Conselho Monetário Nacional.
CMN – Conselho Monetário Nacional
O Conselho Monetário Nacional é o responsável por estabelecer as regras financeiras máximas do país. Ele está no topo do Sistema Financeiro Nacional e é formado pelo Presidente do Banco Central, Ministro do Planejamento Desenvolvimento e Gestão e pelo Ministro da Fazenda, que preside o CMN.
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
A Comissão de Valores Mobiliários é a autarquia, vinculada ao Ministério da Fazenda, responsável por elaborar e fiscalizar as regras do Mercado de Valores Mobiliários. Ou seja, ele define e acompanha as diretrizes do Mercado Financeiros como um todo.
Quais são os tipos de investimentos disponíveis?
Depois de conhecer a estrutura e os participantes do Mercado Financeiro, agora vamos falar dos tipos de investimentos que podem ser realizados. Fique atento, pois alguns desses podem ser interessantes para você começar a ver o seu dinheiro render de verdade.
Renda fixa
Os títulos de renda fixa são aqueles cuja a rentabilidade é conhecida no ato da contratação, ou seja, o investidor já tem uma noção mais aproximada do quanto vai receber ao final do tempo decorrido da aplicação. São os mais indicados para quem está começando ou para quem tem um perfil mais conservador e não gosta de correr muitos riscos.
Cada tipo de investimento tem a sua rentabilidade atrelada a algum indicador financeiro, em geral o CDI — Certificado de Depósito Interbancário. A variação ocorre, em especial, em função da taxa básica de juros, a Selic, que nada mais é do que uma média dos juros praticados no mercado, apurados pelo Banco Central.
Veja como cada um dos principais tipos de investimentos em renda fixa funcionam.
Títulos públicos
Os títulos do Tesouro Direto são os mais seguros do Mercado financeiro, pois as chances da economia inteira do país quebrar são muito pequenas. Em contrapartida, eles oferecem baixa rentabilidade, com ganhos muito próximos à taxa básica. Apesar disso, ainda são mais atrativos e rentáveis do que a poupança.
CDB
Os CDB’s — Certificado de Depósito Bancário — são títulos emitidos pelos bancos para a captação de recursos no mercado. Eles são muito simples de serem obtidos, principalmente junto às próprias instituições bancárias e têm um rendimento moderado, porém seguro.
Tal como acontece no Tesouro, as chances de grandes bancos quebrarem é muito pequena, por isso os títulos emitidos por eles são bastante confiáveis. O ponto de atenção está nas taxas e impostos incidentes sobre eles, pois alguns podem afetar mais drasticamente o rendimento obtido.
LCI / LCA
O LCI — Letra de Crédito Imobiliário — e o LCA — Letra de Crédito do Agronegócio — são dois tipos de títulos financeiros muito semelhantes, o que muda é a atividade fim que será beneficiada pelos valores investidos. No caso do LCI, os investimentos vão para o setor imobiliário e, no LCA, para a cadeia do agronegócio.
O principal atrativo desses dois títulos é a isenção do Imposto de Renda. O rendimento pode estar atrelado ao CDI ou à inflação e os juros podem ser pré-fixados ou pós-fixados. Em ambos os casos, a rentabilidade é bem atrativa, similar à dos CDB’s.
Debêntures
As debêntures são títulos de dívidas emitidos por empresas privadas para a captação de recursos para diferentes finalidades. É uma espécie de empréstimo que elas fazem aos investidores com a previsão de devolução de médio a longo prazo — mínimo de 2 anos — acrescido de juros.
O rendimento das debêntures varia conforme o indicador atrelado a ela. Existem diversas opções pré-fixadas, pós-fixadas e híbridas que tem vantagens e desvantagens conforme a dinâmica do mercado evolui.
Fundos de renda fixa
Os fundo de renda fixa, são fundos de investimentos que contam com uma carteira variada, focada em títulos de renda fixa. Eles são administrados por um gestor ou empresa que ficam responsáveis por realizar as transações que julgar necessárias para obter melhores rentabilidades para os investidores.
Renda variável
Os investimentos em renda variável, como o próprio nome sugere, não garantem uma previsibilidade dos ganhos. Eles oferecem riscos maiores aos investidores, mas podem gerar rentabilidades muito acima das opções mais conservadoras.
Quem tem um perfil de investidor mais arrojado se beneficia bastante da renda variável. É preciso ter paciência e perspicácia para acompanhar as movimentações do mercado e realizar as transações nos momentos mais apropriados. Quem tem mais experiência acaba tirando de letra, quem está começando agora deve ser mais cauteloso.
Os principais produtos de renda variável são as ações e os fundos imobiliários, como vamos explicar a seguir.
Ações
As ações são pequenas partes das empresas que são colocadas à venda na Bolsa de Valores. Imagine que você tenha uma fazenda de 10 hectares e resolve vender parte dela em pequenos lotes de 500 metros quadrados. Cada lote representa uma ação e cada comprador se torna dono dessa parte da sua fazenda.
Quem investe em ações está, na verdade, se tornando sócio de uma empresa e, com isso, colhendo os resultados que ela produzir. Ou seja, caso a empresa esteja indo bem no mercado, os acionistas recebem lucros, caso contrário, acabam tendo prejuízos.
A principal forma de ganhar dinheiro com ações é realizando compra e venda nos momentos certos. O melhor dos cenários é comprar uma ação com valor mais baixo e vendê-la quando o valor estiver mais alto. Acertar esses dois pontos é o grande ponto de risco envolvido nesse tipo de investimento.
Fundos de Investimentos Imobiliários (FII)
Os Fundos de Investimentos Imobiliários são grupos de investidores que atuam na aplicação de recursos no setor imobiliário. O funcionamento é bastante similar ao dos Fundos de Renda Fixa, onde existe uma empresa ou gestor responsável pela administração do fundo e os participantes recebem dividendos e rentabilidades conforme a contribuição oferecida.
Os valores oferecidos ao mercado são investidos na construção de prédios, shoppings, condomínios, entre outros, e boa parte retorna em forma de aluguel desses espaços. Com isso, existe uma remuneração recorrente para os cotistas, o que faz com que esse investimento seja bastante interessante.
Por ser negociado na Bolsa de Valores, é importante lembrar que ele está a mercê das oscilações do mercado. Além disso, a liquidez desse tipo de investimento é muito baixa, o que dificulta a saída do grupo em caso de emergência.
6 Dicas Para Começar A Investir No Mercado Financeiro
Agora que já aprendeu como funciona o mercado financeiro, vamos dar algumas dicas para você começar a investir de forma mais segura e rentável. Confira.
1- Organize suas contas
Antes de pensar em investir, é essencial que as suas contas estejam organizadas. Não é preciso quitar todas as dívidas, ou ter uma renda alta. O ponto principal é ter o controle sobre o que está acontecendo em suas finanças.
Por isso, o primeiro passo para se tornar um investidor é conhecer bem o quanto ganha, o quanto gasta e o quanto deve. O ideal é ter todas essas informações em uma planilha, seja ela manual ou digital, mas que mostre as movimentações realizadas ao longo do mês de forma mais simples e prática.
2- Garanta uma reserva de emergência
Imprevistos acontecem e, no que diz respeito às finanças, eles podem significar a contração de dívidas e o pagamento de juros altíssimos. A reserva de emergência é o mecanismo que evita justamente esse tipo de situação. Ela deve ser de fácil acesso para resgate e precisa acumular um valor suficiente para cobrir seus gastos por um período de 6 meses a 1 ano, caso perca o emprego ou seu negócio passe por uma crise.
É importante escolher um investimento de alta liquidez, ou seja, que possa ser resgatado de forma rápida. Antes que pense na poupança, é importante que saiba que ela é o investimento com os menores ganhos do mercado. Em tempos de juros baixos, ela pode até desvalorizar o seu dinheiro. Por isso, busque outros tipos de investimentos, como o Tesouro Selic, que pode ser resgatado em um dia e gera rendimentos melhores.
3- Escolha investimentos que combinem com seu perfil
A forma como cada pessoa se relaciona com seus investimentos define o seu perfil de investidor. Existem 3 tipos de perfis:
- conservador: está disposto a ter rendimentos menores para manter seus investimentos mais seguros, não gosta de correr muitos riscos;
- moderado: está disposto a correr alguns riscos para ter melhores rentabilidades, mas ainda não abre tanto a mão da segurança;
- agressivo: está disposto a correr riscos mais altos para obter maiores ganhos, não vê problema em perder parte do seu dinheiro em transações mais ousadas.
4- Entenda os riscos e prazos de cada investimento
Assim como as pessoas têm diferentes perfis, os investimentos têm características que se adequam melhor a cada um deles e aos objetivos a serem alcançados. Alguns terão melhores rendimentos no longo prazo, outros no curto prazo, alguns oferecerão mais riscos outros menos. Tudo é uma questão de equilíbrio entre estes três elementos:
- rentabilidade;
- riscos;
- prazo.
Se o seu objetivo é formar sua reserva de emergência, não pode correr o risco de perder esse dinheiro, por isso deve optar por investimentos de baixo risco, como são os de Renda Fixa, em especial o Tesouro Direto. Por outro lado, se a ideia é ter uma renda para a velhice, você pode aproveitar investimentos de longo prazo, que tem uma boa rentabilidade e baixo risco. Ou seja, tudo depende do objetivo e do perfil de investidor.
5- Busque ajuda de profissionais
O Mercado Financeiro não é tão complexo de se entender, mas vai demandar uma certa dedicação para garantir que tudo saia da melhor forma possível. Se a sua intenção é começar aos poucos e ir se habituando, pode se dar muito bem acompanhando dicas de pessoas mais experientes, como a Nath Finanças.
Contudo, se o seu objetivo é ser mais ousado e começar a investir valores mais altos, o recomendado é contar com a ajuda de profissionais, como gestores de fundos por exemplo. São pessoas que lidam com o Mercado em seu dia a dia, conhecem todos os macetes para conseguir as melhores rentabilidades e podem fazer o seu dinheiro se multiplicar com mais agilidade e segurança.
6- Cuidado com promessas vantajosas demais
Por fim, não podemos deixar de destacar a importância de ter atenção com ofertas e propagandas que parecem vantajosas demais. O Mercado Financeiro funciona com base no equilíbrio entre rentabilidade, riscos e prazos, quando essa relação não é respeitada, é bem provável que haja uma pegadinha ou até mesmo um golpe por trás de tudo.
Por isso, fuja de promessas de grandes rentabilidades no curto prazo, que não explicam os riscos envolvidos. Eles podem ser muito altos ou pior, você pode estar entregando seu dinheiro na mão de criminosos. A máxima a se ter em mente é: “não existe almoço grátis”, em algum momento e de alguma forma, ele será cobrado.
Depois de ler todas essas informações você já pode começar a investir no Mercado Financeiro. Lembre-se de garantir sua reserva de emergência e de manter as suas finanças devidamente controladas para criar o hábito de investir. Assim, todos os meses as suas reservas vão crescer e, em pouco tempo, você terá mais liberdade financeira em sua vida.
E por falar em liberdade financeira, que tal se tornar financeiramente independente e ainda contribuir com o fortalecimento da economia preta no país? Monte o seu próprio negócio e comece a gerar emprego e renda em sua comunidade. Veja como o Mercado Black Money pode te ajudar!
3 respostas
Bom dia. Gostaria de saber se o proposito é incentivar o empreendedorismo, que muitas vezes de financiamento. Sabemos que os bancos dificilmente vai emprestar dinheiro para quem esta começando e não tem ainda um CNPJ. Por que não criar uma cooperativa de Credito? Essa cooperativa poderia financiar o empreendedores negros. Caso já exista, por favor me informar.
Olá, parabéns pelo conteúdo produzido por vocês, em especial esse aqui sobre investimentos. Vocês sabem se já existem empresas com CEOs, gerenciadas ou comandadas por pessoas pretas nas quais valem a pena estudarmos o perfil da empresa de forma a pensar em investir nelas?
Grata!
Parabéns pela excelente iniciativa!
Elas ainda não existem na bolsa.