Tokenismo e Diversity Washing, 2 faces de uma mesma moeda

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Após a repercussão negativa, por ausência de pessoas pretas em seus escritórios , uma grande empresa do setor financeiro passou a publicitar estórias de alguns de seus funcionários negros.

Ao ler alguns textos em sites especializados na cultura negra e posts de “influenciadores”, o incidente , automaticamente, me fez recordar o debate sobre Diversity Washing e da teoria do Tokenismo. 

Do Tokenismo: 

O tokenismo trata-se de uma inclusão simbólica que consiste em fazer concessões superficiais a grupos minoritários. Martin Luther King foi o primeiro a utilizar o termo “tokenismo” em um artigo publicado em 1962:

“A noção de que a integração por meio de tokens vai satisfazer as pessoas é uma ilusão. O negro de hoje tem uma noção nova de quem é”.

Nesse texto, Luther King critica o fato de que o tokenismo serve apenas para dar uma imagem progressista, ou seja, uma organização ou projeto incorpora um número mínimo de membros de grupos minoritários somente para gerar uma sensação de diversidade ou igualdade. Porém, não existe um esforço real para incluir essas minorias e dar-lhes os mesmos direitos e poderes do grupo dominante.

Os pesquisadores Michael Hogg e Graham Vaughan escreveram o livro Psicologia Social e nele definiram o tokenismo como outra forma de discriminação, já que torna públicas pequenas ações de aparente valorização de um grupo minoritário, mas que são originadas somente para se desviar da acusações de discriminação. 

Esses atos relativamente pequenos ou triviais normalmente aparecem como resposta a acusações de preconceito e se tratam de justificativas para evitar atos mais positivos e significativos.“Algo como, ‘não me aborreça, já não fiz o suficiente?, dizem os autores.

Identificando o modus operandi

“A tokenização, ou o uso de pessoas pretas como escudo para eliminar a evidência do comportamento racista, é muito mais crítico do que parece. Antigamente eu considerava essa atitude apenas como uma covardia branca, a malandragem branca. Atualmente eu considero como um sinal patológico a ser melhor estudado. Ele evidência a culpa que a pessoa racista sente por se perceber racista.

 É uma condição negativa para a luta antirracista, porque o racismo precisa de responsabilização voluntária da pessoa branca e não do sentimento improdutivo que constitui a culpa. Toda culpa é uma negligência diante da responsabilidade por um ato cometido e, pior, ela significa que a pessoa não está disposta a entender o erro, a rever posturas e valores “concretados” e atuantes no seu interior. Toda culpa induz a continuidade de um erro pela permissividade oculta que ela carrega.

 Ou seja, me sentindo culpado por me saber racista, me cerco de pessoas negras, construindo relacionamentos superficiais baseados em bajulações e cenas de “perfeita inclusão” para me justificar diante da opinião pública e mascarar meu desconforto com o possível julgamento alheio, enquanto permaneço extravasando meu desprezo racista pela negritude de outras formas, em geral na relação com outros negros. Não por acaso o cenário escolhido para a encenação é sempre lúdico, distante e ligeiramente favorável ao ideal de “branco salvador”, fragmento do texto da escritora Joice Berth

Conclusão

Além de não colaborar com os movimentos que buscam a igualdade, o tokenismo também pode influenciar negativamente o próprio indivíduo colocado na posição de token, que é estigmatizado e visto como um estereótipo pela sociedade. Isso muitas vezes acarreta na formação de uma imagem negativa sobre si mesmo e problemas de sua representatividade para com a comunidade.

 Haja visto que a proximidade do token com os brancos o afasta da sua comunidade porque a “vantagem” concedida a ele de se mover no ambiente branco é contrabalançada pela exigência de que também se comporte como tal. Assim, os ganhos sociais e psicológicos com o uso do tokenismo são apenas dos brancos, restando para os negros uma imagem social distorcida de si mesmos, e para o token, a vergonha de se ver traidor, quando este é capaz de perceber em que jogo foi colocado.

O que devemos compreender é qual interesse que as empresas possuem ao contratar as “consultorias de diversidade”: Elas visam criar um processo de equidade de oportunidades e reparação ou apenas de utilizar-se de pessoas, bem intencionadas, para “limpar“ sua imagem negativa ?

Não podemos nos enganar com os mesmos erros do passado, tais como Diversity Washing, Representatividade e Tokenismo. Devemos nos articular na busca por autonomia, pela construção de nossas organizações e por poder real.

Deixe sua opinião nos comentários, ela é importante para nós.
Fonte: Politize

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Uma resposta

  1. É um processo lento, arrastado. De fato enxergamos mais tokenismo do que reais ações para inclusão da diversidade.
    Textos como esse nos orientam, esclarecem e divulgam nossa voz. Estamos vivos. Sigamos!

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